“Dentro de uma semana, 9 mil doses da vacina contra o vírus Influenza podem ir parar no lixo”, foi a declaração impotente da jovem profissional de enfermagem do posto de saúde do Meireles, em Fortaleza, quando indaguei se a população abaixo dos 60 anos estava aderindo ao saldo restante da campanha nacional de vacinação contra a gripe.
“Não!”, foi a resposta seca de outra jovem profissional do mesmo posto, quando tentei, quatro meses antes, driblar a regra do limite mínimo de idade para a tal vacina. “Só depois da campanha, agora é exclusivamente para idosos, crianças e doentes crônicos”. Eu ainda tentei argumentar: “Mas faltam poucos dias para o término da campanha!”; “Eu já vou fazer 58…”; “Cuido da minha mãe idosa, se eu gripar, posso passar pra ela…”.
Ora, o governo gasta milhões de reais com publicidade para sensibilizar a população a aderir à campanha anual, e quando aparece alguém espontaneamente insistindo para se imunizar, a resposta é: “Volte depois da campanha, se sobrar…”. Que lógica torta é essa, hein? Não dá para aceitar calada, dá?
Existe o risco de morte por gripe? Sim, infelizmente. Embora dados oficiais deste ano registrem queda considerável no número de óbitos em relação a 2013, há Estados com percentual próximo a 10%, ou seja, de cada 100 pessoas infectadas pelo vírus Influenza, 9 vêm a falecer. Sinistro assim.
Neste 9 de outubro expira o prazo de validade das vacinas. A profissional que me atendeu hoje cedo calcula que até lá deverá aplicar, no máximo, 100 doses. Quando lhe falei que eu era jornalista e que iria divulgar a notícia em meu blog pessoal, ela agradeceu. “Faça isso, por favor!”
E aí, vamos usar nosso título de eleitor neste domingo para eleger mais compromisso e menos negligência?