Daqui a três anos contribuirei para engrossar a estatística dos 12% de idosos brasileiros.
A notícia boa é que não estarei sozinha. Terei a companhia de 24 milhões de pessoas. A parte ruim é que nem por isso terei privilégios.
Embora muitos insistam em maquiar a fase a partir dos 60 anos com termos como “melhor idade” – e apesar dos dez anos do Estatuto do Idoso –, até agora a dignidade não passa de objeto de desejo do grupo.
Abandono, violência e abuso financeiro (familiares que se apropriam da pensão do idoso) estão entre as reclamações mais recorrentes, segundo dados do serviço Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH).
Enquanto países europeus possuem um ministério específico para cuidar dos interesses daqueles que ultrapassam os 65 anos de idade (cinco a mais que aqui), o Brasil fica jogando a batata quente de uma Pasta para outra há uma década. A nossa urgência é que mais alguns pontos percentuais, e seremos um país de velhos – o que deve se confirmar daqui a uns quinze anos – se as projeções não falharem.
Desde que o idoso passou a ser responsabilidade de todos e não mais exclusivamente das famílias – pelo menos nas sociedades ocidentais –, as políticas públicas tentam com leis superar o preconceito e o descaso. O mesmo acontece com outras faixas etárias: criança, adolescente, pessoas com deficiência etc.
Melhor do que se apiedar do velhinho e da velhinha, tratando-os como seres indefesos, infantis ou “bonzinhos”, é respeitá-los como pessoas que já fizeram bondades e maldades, e que, como todos os seres, devem ter assegurado o direito a uma vida digna. Sem privilégios. Sem preconceitos. Só isso.