Carta para Lis

Três anos atrás eu escrevi sobre a incrível sensação de ser avó do seu lindo irmãozinho. Agora o papo é com você, minha pequena Lis, que ainda não fala mas já me dirige um olharzinho sensível que parece dizer: “Continue, vovó, entendendo tudo”.

Pois eu vou lhe contar da emoção que é ser avó de uma menina da minha eterna menina. E isso eu descobri da forma mais inesperada, como costumam ser as melhores experiências da vida, aquelas que ficam na memória.

Tínhamos acabado de lhe batizar e fui assistir ao filme musical Mamma Mia 2. Chorei na maioria das cenas, enquanto as pessoas ao meu redor dançavam ao som do ABBA. As animadas músicas do grupo sueco funcionaram apenas para driblar as lágrimas.

Para mim, o verdadeiro sentido da história era a emocionante jornada mãe-filha. Relembrei o dia em que peguei sua mãezinha em meus braços e todos os outros dias que se seguiram nesses trinta e três anos. Vi-me também na condição de filha e, ao sair do cinema, telefonei para minha mãe e lhe disse o quanto a amo.

Hoje a sua mamãe faz aniversário. O que eu desejo a minhas duas meninas? Que vocês nunca percam a capacidade de se emocionar com as pequeninas coisas, que resistam sempre às injustiças de qualquer tipo, que mantenham a mente aberta, que cuidem do significado da palavra liberdade para si e seu país, que não permitam que as artes sejam tratadas como armas letais e que as lágrimas – que certamente virão – sejam seguidas de sorrisos pelo simples fato de que a vida vale a pena.

E agora o mesmo conselho que dei ao seu irmãozinho: Amem-se, cuidem um do outro, briguem mas não demorem a fazer as pazes porque ambos precisarão um do outro ao longo da caminhada. E, mesmo se bastando, não queiram viver sem amigos, sejam eles humanos ou bichinhos. Esforcem-se, pelo menos. A amizade é algo nobre, que nos torna mais vivos e humanizados.

Parabéns para a sua linda e amada mamãe, que vocês vivam plenamente a jornada mãe-filha e que ela possa receber de você e do Theo tantas emoções genuínas quanto as que ela e o tio Digo me proporcionam todos os dias.

18 de janeiro de 2019

Sobre Celma Prata

Celma Prata é jornalista e escritora fortalezense. Autora do romance “Bodum” [2022], “Confinados” [2020], finalista do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Conto; do romance "O segredo da boneca russa" [2018]; e dos livros de não-ficção "Viver, simplesmente" [2016]; e "Descascando a Grande Maçã" [2012], todos pela Editora Sete. É membro da Academia Cearense de Letras, da Academia Fortalezense de Letras, da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e da Sociedade Amigas do Livro, entidade cultural em que presidiu o conselho diretor, de 2016 a 2020. Ver todos os artigos de Celma Prata

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