Luz, luminosa, lúcida, Lúcia…

Há quem defenda que são os nomes que nos escolhem. E não o contrário. Quem conheceu a jovial senhora de Messejana confirma a tese sem necessidade de testes científicos.

Nada é inédito ou superlativo quando se trata dessa “grande dama”, “verdadeira instituição”, “senhora da história”, “sábia”, “iluminada”, “forte”, “acolhedora”…

Mesmo que tudo já tenha sido dito, tenho algo particular a acrescentar. Sua maior qualidade era fazer com que cada um se sentisse único. Não me refiro à arte de receber a todos indistintamente. Isso ela também sabia fazer como ninguém, sempre generosa em sua mesa, gestos e palavras.

Foi dela o primeiro telefonema de parabéns pelo meu último aniversário. Ligou-me às oito da manha, eu estava tomando café. Perguntou pelo meu marido, meu filho, minha nora, minha filha e meu genro, citando todos os nomes. “Será que ela fica consultando uma agenda com os nomes?”, eu me perguntava, cismada. E repetia o teste. De vez em quando eu telefonava de surpresa e ela já ia debulhando toda a família. Admirável!

A última vez que subi os degraus da varanda da casa da lagoa em direção à sua cadeira de balanço, de onde liderava tudo e a todos com firmeza e carisma, sua saudação soou forte e acolhedora: “Ô, minha filha, estava com uma saudade danada de você!”

Sei que cada um que a conheceu tem uma ou várias passagens para provar o quanto privava da sua amizade. Não importa… Mas comigo bem que era diferente. Eu era única!

Quem fica com saudade sou eu, somos nós, dona Lúcia. Para sempre.

Sobre Celma Prata

Celma Prata é jornalista e escritora fortalezense. Autora do romance “Bodum” [2022], “Confinados” [2020], finalista do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Conto; do romance "O segredo da boneca russa" [2018]; e dos livros de não-ficção "Viver, simplesmente" [2016]; e "Descascando a Grande Maçã" [2012], todos pela Editora Sete. É membro da Academia Cearense de Letras, da Academia Fortalezense de Letras, da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e da Sociedade Amigas do Livro, entidade cultural em que presidiu o conselho diretor, de 2016 a 2020. Ver todos os artigos de Celma Prata

18 respostas para “Luz, luminosa, lúcida, Lúcia…

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