Para elas, para nós

Ontem almocei com amigas queridas. Era o dia atribuído às mulheres e sua luta por igualdade.

Recebi flores virtuais, várias mensagens positivas, e até uma foto com o Richard Gere segurando… O quê mesmo? Ah! Uma rosa vermelha… Também, com um mensageiro desses, quem presta atenção na flor, né? Brincadeirinha, viu, marido?

Passamos ótimos momentos, escutei histórias interessantes, conversamos sobre essas coisas que as amigas falam: família, filhos, companheiros, bichos de estimação, viagens, só amenidades.

Comentei que ainda precisamos de muitas conquistas que realmente justifiquem tanta comemoração. Salários equiparados aos dos homens, por exemplo, para ficar só no campo financeiro. E maturidade por parte de ex-companheiros para aceitar o final dos relacionamentos sem ter que atentar contra a vida da mulher.

Uma das amigas lembrou que já conquistamos muito. É verdade. E pude constatar isso, horas depois, ao assistir o último capítulo da telenovela das seis horas de uma rede de tevê. No folhetim de época (início do século 20), a jovem mãe solteira teve que esconder a maternidade até do próprio filho, para que todos pudessem viver em paz – ela inclusive. E a orgulhosa e perversa baronesa adúltera, que merecia todos os castigos – mas aqui não se trata disso –, foi exilada à força pelo marido traído, sem as roupas caras e as joias idem, nos confins do sertão.

Realmente muita coisa mudou desde então, embora muita gente ainda não saiba o porquê desse Dia Internacional da Mulher. Há mais de 150 anos, uma centena e meia de operárias nova-iorquinas foram trancadas na fábrica onde trabalhavam e queimadas pelos patrões, com a conivência da polícia, por reivindicarem condições de trabalho mais parecidas com as dos homens e jornada diária de dez (!) horas. Era o dia 8 de março de 1857.

Meu desejo é que nunca seja esquecida a luta daquelas mulheres – e de outras ativistas de todos os tempos – pelos direitos de todas nós. Direitos simples, como o de escrever sobre o tema, sem ter que pedir permissão ao pai, irmão, namorado ou marido. Todas as mensagens e flores são para elas.

Sobre Celma Prata

Celma Prata é jornalista e escritora fortalezense. Autora do romance “Bodum” [2022], “Confinados” [2020], finalista do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Conto; do romance "O segredo da boneca russa" [2018]; e dos livros de não-ficção "Viver, simplesmente" [2016]; e "Descascando a Grande Maçã" [2012], todos pela Editora Sete. É membro da Academia Cearense de Letras, da Academia Fortalezense de Letras, da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e da Sociedade Amigas do Livro, entidade cultural em que presidiu o conselho diretor, de 2016 a 2020. Ver todos os artigos de Celma Prata

10 respostas para “Para elas, para nós

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