Classificaram o episódio de “fatalidade”. Fatalidade significa, de acordo com os dicionários, “destino inevitável”.
Responsabilizaram a Prefeitura, o motorista do ônibus que atropelou (e fugiu, apavorado, depois se apresentou às autoridades), a empresa de ônibus (que continuou rodando o veículo), o transporte alternativo precário (as tais vans ou topics sem qualquer segurança para os passageiros) e a via pública sem sinalização adequada.
Querem encontrar culpados? Comecemos pelas regras (ou a ausência delas) das escolas públicas, que permitem que crianças pequenas cheguem ou saiam desacompanhadas.
É tão óbvio, mas ninguém – nem a escola, nem a comunidade – admitiu que uma criança de sete anos não deveria atravessar a rua sozinha. Não poderia ir à escola desacompanhada. Os pais ou responsáveis não deveriam permitir; A escola não deveria aceitar. Sem falar que os perigos não se restringem a atropelamentos. Existem ainda os raptos, estupros, exposição a drogas, e por aí vai…
O.k.! Vamos reivindicar mais sinalização defronte às escolas (faixas de pedestres, os desmoralizados fotossensores, quebra-molas etc.), mas que tal também desenvolver programas onde pais voluntários possam auxiliar nessas ações? Sim, primeiro, porque é compromisso da família participar da vida escolar e, depois, porque o primeiro argumento torto do Poder Público para não cumprir seu dever será o da eterna carência da mão de obra de porteiros, seguranças e guardas de trânsito…
Pobre Letícia, a menininha Pitaguary morta por atropelamento ontem (quarta-feira, 10), antevéspera do dia das crianças, em Maracanaú (região metropolitana de Fortaleza), quando tentava atravessar a rua sozinha, em frente à sua escola. Não, não foi uma fatalidade. Sua morte poderia ter sido evitada. Que não tenha sido em vão.
(Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
21 outubro, 2012 at 11:58 pm
Concordo plenamente…pais completamente sem responsabilidade
com uma criança de apenas 7 anos…revoltante!!!
Um abração!
22 outubro, 2012 at 11:21 am
O caso da menina Letícia sensibiliza mesmo, Valéria. Beijos e obrigada!