A humanidade nunca mais ficará diante dos originais de obras valiosíssimas, como ‘Samba’, de Di Cavalcante, ou ‘A Floresta’, de Guignard.
Não ficou chocado? Pois eu fiquei, e muito! Mas o que me fez escrever neste espaço foi a declaração emocionada do colecionador de artes e marchand romeno, Jean Boghici, 84, diante da destruição de parte do seu rico acervo, causada por um incêndio em sua morada carioca, há dois dias. A tragédia foi tamanha que, até agora, já pautou duas edições da maior audiência em telejornalismo do país.
“Não quero saber de quadro, meu gato morreu!”, ele falou, com seu sotaque carregado, para o Brasil no dia seguinte.
O que faz alguém lamentar mais a perda de um bichano, cujos clones se encontram aos montes por aí, do que de obras únicas avaliadas em milhões de reais e até comparadas à ‘Monalisa’, de Da Vinci?
É muito desprendimento, minha gente! Há anos procuro exercitar o desapego às coisas materiais, mas o top bordado que usei na minha festa de aniversário de dez anos atrás – e que nunca mais usarei, simplesmente porque não atende às minhas novas medidas -, continua ocupando espaço no meu closet, resistindo a cada faxina fashion.
E agora me vem esse homem que valoriza mais a doce companhia do seu pobre gato do que o óleo milionário do artista … Essa eu não aguento. Que lição, hein, Boghici?
Eu não deveria, no entanto, me surpreender com nada disso. Para um sobrevivente de guerra, jovem imigrante ilegal que fez do Brasil sua nova pátria, a amizade – mesmo a de um bichano – vale mais que todo o ouro do mundo junto.
Sim, já empacotei o top, amanhã ele segue viagem…
15 agosto, 2012 at 7:10 pm
Também fiquei impressionada e emocionada com a declaração dele. Pessoas ( e nelas incluo os animais, porque para muitos, fazem parte da família) devem sempre valer mais que coisas, mesmo um quadro de Di Cavalcanti ou Tarsila do Amaral. Sempre nessa ordem: pessoas/coisas 🙂
15 agosto, 2012 at 8:14 pm
Isso mesmo, Denise! Essas situações existem para nos lembrar da verdadeira importância da vida. Bjos
16 agosto, 2012 at 10:40 am
A perda nas artes foi grande mas n supera a perda da companhia díaria que ele tinha do melhor amigo que n era o cachorro.
16 agosto, 2012 at 11:14 am
Isso, Rose, há inúmeros exemplos reais de bichos de estimação amigos e companheiros. Bjos
17 agosto, 2012 at 9:31 am
Celma querida a vida vai realmente nos ensinando ao desapego de muitas coisas….que exemplo esse.Um grande abraço.
17 agosto, 2012 at 12:18 pm
Emocionante, não é mesmo? Bjos para você, querida Valéria!