A profissão de jornalista parece exercer um enorme fascínio no imaginário popular, prova disso são os vários personagens da ficção mundial no papel de repórter.
Para ficar apenas no universo das nossas telenovelas, quem não se lembra do Dirceu de Castro, criado por Aguinaldo Silva e vivido por José Mayer? Quando os militares da ditadura instalada em 1964 invadiram a redação do jornal no qual trabalhava, Dirceu se recusou a abandonar o prédio, virou preso político, até conhecer a “senhora do destino”.
E do Zé Bob, personagem criado por João Emanuel Carneiro e interpretado por Carmo Dalla Vecchia, indeciso entre uma e outra “favorita”? Outro cara honesto, culto, idealista, que acreditava que podia mudar o mundo através do jornalismo.
Exemplos que orgulham a classe. Mas como tem sempre os que estragam… Eis que surge na telinha global da nove da noite uma personagem que se diz “jornalista”: Marcela Coutinho, vivida por Suzana Pires, em mais uma criação de Aguinaldo Silva.
Em entrevista a uma mídia online, Suzana Pires disse que sua personagem não conhece limites. Limites para ações antiéticas e mau-caratismo. “Isto é uma vergonha”, como diria o Boris Casoy.
Longe de mim fazer discurso moralista, mas precisamos de bons exemplos. Aguinaldo pisou na bola ao criar uma antijornalista ou o protótipo da “jornalista por falta de formação”. Onde estava Marcela quando rolava as aulas de “Ética no Jornalismo”?
Ainda prefiro colegas arrogantes que se arvoram de “guardiões do interesse público”, aos que desconhecem qualquer limite quando o objetivo é flagrar algum “barraco” de celebridade, fato que não vai resolver o problema da fome no mundo.
Consolo da história: serviu pelo menos para refletirmos sobre os vis sentimentos que assolam não apenas a classe jornalística, mas toda a humanidade, ou seja, nós todos, para − quem sabe? −, tentarmos melhorar um pouco a realidade que nos cerca.
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