Nordeste: vento favorável

 
As notícias sobre os bilhões de euros da União Europeia destinados a recuperar os países menos ricos – ou em crise – da comunidade, me fizeram refletir sobre o nosso próprio país e, mais especificamente, sobre a região Nordeste.
 
O nordeste brasileiro sofre, há séculos, discriminação (ou bullying, para usar o termo da vez) das ricas regiões brasileiras e tal situação parecia sem remédio. Foi preciso a sensibilidade de um presidente oriundo da classe operária para iniciar a mudança do quadro de severas injustiças sociais que nos envergonha a todos, ricos e pobres, ou pelo menos, assim deveria.
 
A revista britânica The Economist, em matéria publicada há cerca de um mês, ressaltou as mudanças na região Nordeste a partir das políticas públicas implementadas pelo Governo Lula. O resultado foi o crescimento, na década passada (dados do IBGE), do PIB da região de 4,2% ao ano, percentual superior ao do país (3,6%).

Com o aumento do poder de compra dos nordestinos, muitas multinacionais se instalaram na região, atraídas pela política de incentivos fiscais dos governos estaduais. A revista ainda destaca a importância do porto do Pecém (Ceará) e do complexo industrial de Suape (Pernambuco) para o desenvolvimento da região. A proximidade com a Europa e EUA encurta a viagem, o que barateia os custos de transporte de produtos entre os continentes.

A UE honra o próprio nome (“união”) ao não permitir enormes distorções socioeconômicas entre seus países membros (haja vista os bilionários incentivos destinados a Portugal, Grécia e Irlanda), política que o Brasil “rico” desconhecia até bem pouco tempo atrás, quando fazia vista grossa às disparidades sociais entre suas unidades federativas. Ingenuidade pensar que lá se age por sentimentos de solidariedade. Mais acertado é o temor do calote, ou o orgulho de fazer parte de uma comunidade rica, na qual todos os integrantes pertencem ao chamado “primeiro mundo”. O fato é que agem. 
 
Voltando ao nordeste brasileiro, ainda falta muito para que a região atinja índices socioeconômicos que nos façam ter orgulho de sermos uma nação desenvolvida. A região continua em patamar bem inferior ao de outras regiões brasileiras. Os governos dos estados nordestinos não podem, entretanto, ignorar o vento que sopra a favor do desenvolvimento da região.  Precisam urgentemente colaborar com maiores investimentos em Educação, senão terá tudo sido em vão. Seria muito humilhante viver eternamente do “Bolsa Família”.
 
Sorry, sul e sudeste, parece que, finalmente, chegou a vez do nordeste.

Fontes:

http://www.economist.com/node/18712379

http://www.ibge.gov.br/home/

crédito foto: Agência T1
 

Sobre Celma Prata

Celma Prata é jornalista e escritora fortalezense. Autora do romance “Bodum” [2022], “Confinados” [2020], finalista do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Conto; do romance "O segredo da boneca russa" [2018]; e dos livros de não-ficção "Viver, simplesmente" [2016]; e "Descascando a Grande Maçã" [2012], todos pela Editora Sete. É membro da Academia Cearense de Letras, da Academia Fortalezense de Letras, da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e da Sociedade Amigas do Livro, entidade cultural em que presidiu o conselho diretor, de 2016 a 2020. Ver todos os artigos de Celma Prata

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