Qual foi a última vez que você pronunciou as duas palavrinhas do título? Saiba que centenas de jovens recém-casados as pronunciam todos os dias. Só no Brasil, segundo o IBGE, o número de uniões legais em 2008 chegou perto de um milhão! Um milhão de “Enfim, sós!”, fora os que não entram na estatística, aqueles que pensam que casar “de papel passado” é coisa, com perdão do trocadilho, do passado.
A expressão de pura satisfação justifica-se pelo longo período dos preparativos nupciais, que envolvem desde arranjar o(a) noivo(a), encomendar os convites, bifê e mais uma centena de coisas “indispensáveis” que a indústria do casamento lhe empurra goela abaixo, até a cansativa, mas excitante, busca pelo apartamentinho dos sonhos, com alguns pesadelos embutidos – reforma, atrasos, gastos e mais gastos -, porque nem tudo é perfeito. Existe até uma associação com o pomposo nome “Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta)” que, diga-se de passagem, é o terror dos pais de noivos. Segundo a dita cuja, as cerimônias no Brasil movimentaram em 2010 cerca de R$ 10 bilhões. Acha muito? Pois nos States é vinte vezes mais!!! E o mercado é crescente. Pensando até em mudar de profissão…
Após a tão esperada festa que os noivinhos modernos curtem até o sol raiar, junto à galera animada por espumantes e outras biritas, nada melhor que um “Enfim, sós!”, concordam? Pois é, depois de mais de trinta anos, me vi pronunciando pela segunda vez esse mimo. Não, não casei de novo! Meus filhos casaram. Até a geração das nossas mães, com raras exceções, era chegada a temida hora da tal “síndrome do ninho vazio“, só habitado novamente com a chegada dos netinhos com suas fraldas e mamadeiras e noites insones… Tem gosto pra tudo, não é mesmo?
Parece que um novo modelo de casal está surgindo. Ainda jovens, que se curtem e que curtem a vida. Tem coisa melhor? Voltar a namorar, viajar de férias sem ter que deixar a despensa cheia, contratar babá extra, trazer a mãe para dar aquela espiada nas traquinagens das crianças ou no namoro dos aborrescentes. Quando os netos chegarem, é claro que vamos curtir, mas será a vez dos nossos filhotes planejarem com cuidado e carinho os seus próximos trinta anos para, um dia, poderem olhar com amor para o seu parceiro e dizer novamente o “Enfim, sós!”. P.S. Resolvi escrever sobre o tema depois de ouvir, pela milésima vez, perguntas do tipo: “E aí, como é casar os filhos?”; “Estão muito sozinhos?”; “Estão sofrendo muito?”.
Fontes:
4 outubro, 2011 at 12:10 pm
Celma, parabéns. Você escreve divinamente bem, sua intimidade com as palavras prende o leitor. Estou em casa navegando e como, com essas redes sociais acabamos encontrando todo mundo, acabei parando por aqui.